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Luto doído

À minha tia mãe

 

Como inútil é a flor, a coberta e a taça de vinho cheia,
Que ninguém sente maciez, calor, nem ergue da mesa
Transbordando vidas, sequidões, rosas frígidas, mágoas.
Lançando-as em profundos oceanos, abafados de dores!

 

Sonhos, juntas tivemos, do meu amor eterno figura,
Para termos, desde eu mulher menina, fios de felicidade.
Assim, ainda fêmea adulta, cantamos sem amargura
O que se temeu e treme no florido caminho enluarado.

Tudo ficção: palco sem cortinas, sem sons e sem tábuas.
Vestidos estão por um papel amarelado, seda perfumada.
Mimada, comigo está a dançar no âmago da terra.
Ah! Separações sangrentas, que nada mais de mal nos suceda!

 

Eu amei-te,

Eu te amo,

Eu te amarei eternamente! 

Oh! Minha mãe tia: Raimunda!¹

 

 

¹Falecimento e sepultamento no dia 9. I. 2013.

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