
Fogo abrasador
A lua estava alta, vermelha no horizonte.
Névoa dançante por entre a pradaria
Que adormecia por entre o fumo que não víamos.
Cores, perfumes iam e viam e nos entonteciam!
Fechavam-se as corolas, flores de água pura.
Os álamos perfilavam-se a meia distância
Alinhando-se os seus desejos ocultos
E entre as noites erravam os pirilampos.
Sonhos adormecidos eram despertos, sem sons confusos
Com asas pesadas voavam por sobre o ar negro.
E luares cantantes vinham correndo a encherem nossos mundos.
Branca, a Vênus emergiu, e aquela noite enfim chegou!
Teu corpo, tuas mãos, teus lábios, teus perfumes e sabores chegaram...
Oh! Alucinavam-me as Cores! – O fio da vida é como a Lira!
Corola e o Estame pelo tempo de amor estão engrinaldados,
E sendo já antiga a união decretada está a núpcia sagrada.
Entre o que nos prendeu, prende, sublimemente prenderá!
O universo acorrenta, e as notas que suspiram
Como as perdidas cores de alguma flor que expira,
Puxam aos gemidos no azul infindo, gritos no carmesim.
A tulipa é harpa etérea, turbante dos amantes, é perfume,
É símbolo de loucura do fogo, é vermelha ensanguentada.
- Tem notas marciais que soam como um clarim!
São Paulo,21.VI.2014.
08h20m