
Primeira mentira
Morrer eu vou algum dia,
Mas, infelizmente, não morro de amor pela mentira.
Longe de ti, meu amor, estarei no espaço
Porque diluir-te-ás nas veias das marés.
Na salgada saliva do teu corpo sofrido,
Partirás. Desde já as máquinas trituram-me,
Interrompendo o meu sono,
Despertando-me do sonho de habitar sobre viva areia.
No curso límpido dos corais e
No ventre das florestas noturnas,
Quero esquecer a solidão que tem dias cruéis.
Tentei ser tua, amar-te e não ver o falso social.
Mas não consegui ser grande e morrer contigo.
Tu és as luas brancas que prateiam
Tua voz profunda em águas de seda.
Águas inquietas e calmas que pulsavam o meu corpo.
Na minha boca restará um gosto à salmoura
E à destruição da inverdade sobre o amor.
No meu corpo magoado ficará este canto
Com poucas palavras que te canto.
São Paulo, 23.III.2014
3h32